top of page

Opinião: O BRICS não está morto e Trump sabe disso

Nota: As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem, necessariamente, a posição deste site.

Foto: Gabriel Lucas / Arte Metrópoles
Foto: Gabriel Lucas / Arte Metrópoles

Em fevereiro de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que o "BRICS está morto". No entanto, sua própria conduta desmente essa afirmação. Ao ameaçar impor tarifas de 10% a todos os países do bloco e dizer que o peso dos EUA para esvaziou a cúpula do BRICS no Brasil, Trump demonstrou não só que o grupo continua vivo, mas que representa uma ameaça real à hegemonia do dólar no sistema internacional. Suas palavras e ações confirmam: o BRICS importa, e muito.


Desde sua criação, o BRICS tem sido uma articulação estratégica entre países emergentes com o objetivo de reformar as estruturas de governança global. A ideia de criar um sistema financeiro alternativo, que permita transações entre moedas locais e reduza a dependência do dólar, vem sendo debatida há anos. Embora ainda não plenamente concretizada, essa proposta toca diretamente no cerne do poder econômico dos EUA. Por isso, provoca reações tão contundentes de Washington.


A obsessão de Trump com o dólar como padrão internacional revela o medo de um mundo onde os Estados Unidos não possam mais usar sua moeda como ferramenta de influência ou de punição. Hoje, a primazia do dólar permite aos EUA impor sanções unilaterais com efeito global, congelar ativos estrangeiros e excluir países do sistema financeiro internacional. Um avanço consistente da desdolarização, com o BRICS na linha de frente, limitaria esse poder. É exatamente isso que está em jogo.


Dizer que o BRICS está morto é ignorar que, hoje, o bloco reúne países que representam mais de 40% da população mundial e uma parte crescente do PIB global. Além disso, o grupo vem se expandindo: Arábia Saudita, Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes foram convidados recentemente, num movimento que amplia sua legitimidade e peso geoeconômico. É justamente por isso que Trump sente a necessidade de atacá-lo. Ele sabe que um mundo menos dependente do dólar é um mundo onde a capacidade coercitiva dos EUA diminui. E isso, para ele, é comparável a “perder uma guerra mundial” (como o mesmo disse na sexta-feira 19/07/2025).


O BRICS cumpre um papel essencial no reequilíbrio das forças globais. Sua importância vai além de discursos e cúpulas, ela está no potencial concreto de criar alternativas ao modelo dominado pelo Ocidente. Em um cenário internacional cada vez mais multipolar, o avanço da desdolarização, impulsionado pelo BRICS, é não só desejável, mas inevitável. E isso explica por que, mesmo tentando enterrá-lo com palavras, Trump não consegue parar de falar do BRICS. Ele teme o futuro que o bloco representa. E com razão.

Comentários


RI Talks Todos os direitos reservados ©

  • Instagram
  • Youtube
  • LinkedIn
logo
bottom of page