
A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) enfrenta uma das suas maiores crises desde sua criação em 1949. A aliança, que historicamente serviu como um pilar da segurança ocidental e da dissuasão militar contra ameaças externas, está agora em um processo de enfraquecimento que pode levar ao seu colapso. Os recentes eventos envolvendo os Estados Unidos, a Ucrânia e a Europa revelam fissuras profundas que ameaçam a coesão da organização.
Apesar do histórico apoio dos EUA à OTAN, o atual questionamento do governo norte-americano quanto à sua funcionalidade e relevância tem gerado um afastamento dos aliados europeus. Outro elemento que reforça essa fragilidade é o apoio do bilionário Elon Musk, responsável pelo Departamento de Eficiência Governamental do governo Trump, que endossou a proposta de abandonar tanto a OTAN quanto a ONU, refletindo um sentimento crescente entre setores do governo americano de que a aliança não vale mais os custos.
O confronto entre Trump e Zelensky, transmitido ao vivo para todo o mundo, somado à recente decisão de suspender toda a ajuda militar à Ucrânia, revelou também fraturas dentro da própria OTAN. A postura de negociação direta com outras nações sem a presença da Ucrânia, sem consultar aliados, a imposição de um acordo a Zelensky e a suspensão de operações cibernéticas contra a Rússia evidenciam um realinhamento estratégico que fragiliza a OTAN. Um governo (Biden) que antes prestava apoio incondicional à Ucrânia juntamente com os aliados europeus e impunha críticas e sanções ao governo russo, agora está mudando de curso. A Alemanha e a França tentam manter a unidade do bloco, mas a falta de direção clara dos EUA e as exigências de Trump por mais "gratidão" dos aliados apenas aumentam a confusão e o descontentamento.
Se os EUA realmente saírem da OTAN, a estrutura da organização ficará profundamente comprometida, já que os EUA são sua espinha dorsal militar e financeira. A OTAN enfrenta um enfraquecimento sem precedentes, resultado da mudança de postura dos EUA, da desconfiança europeia e das divisões internas. O distanciamento de Washington, somado à crescente pressão financeira sobre os aliados europeus, levanta questões sobre a viabilidade da aliança a longo prazo.
Se os EUA mantiverem sua postura de distanciamento ou mesmo abandonarem a OTAN, a Europa terá que reconstruir sua própria estrutura de defesa praticamente do zero. O debate sobre a segurança do continente já está em curso, e a próxima reunião de cúpula da União Europeia pode ser um marco na definição do futuro da defesa europeia. O fim da OTAN pode não ser imediato, mas a aliança está, sem dúvida, mais frágil do que nunca.
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